domingo, 14 de agosto de 2011

Barreado da Pachorra (e do Cyro)



Barreado da Pachorra (e do Cyro)







Barreado, assim mesmo, com letra maiúscula, a comida típica do litoral paranaense. 
Sensacional. 
Quem provou, amou.  -receita que segue aí embaixo (uma das mais preciosas 
colaborações que este blog já teve), é preciso pachorra.


"Barreado com pachorra

Há várias formas de se fazer o barreado, prato tradicional do litoral paranaense. 
O cozinheiro sempre pode dar seu toque pessoal no preparo do rango. 

Eu sigo a receita da (minha) tia Raquel, que há mais de 20 anos pilota panelas de 
barro com maestria. 

Dela, além do interesse pelo fogão, herdei a paciência necessária para conduzir 
longos processos culinários. Então lá vai:

Ingredientes (para seis mortos de fome, segundo a tia)

· Um quilo de músculo e um de acém, cortados em cubo;
· 200 gramas de bacon magro picado (magro mesmo, sem gordura e sem o couro);

· 2 cebolas médias,
· 1 pimentão verde, pequeno;

· 1 maço gande de cheiro verde, sem coentro!;
· 1 ou 2 colheres de cominho puro, moído (cuidado, o excesso deste tempero “afoga” o prato);

· 2 colheres de sal, inicialmente. No decorrer do cozimento pode-se pôr mais;
· 1 pimenta vermelha dedo de moça, sem semente. Na falta dela, vai uma malagueta, não será heresia;
· 3 a 4 folhas de louro e 2 colheres de chá de pimenta do reino.


Mexe um pouquinho, cozinha um pouquinho
Pique todas as verduras e forre o fundo da panela com elas. 
Acomode as carnes e o bacon por cima e polvilhe os demais temperos.
 
Não se preocupe com misturas que a coisa vai longe.
Cubra com água até o nível da carne.

Reza a tradição e as lendas que o cozimento do barreado deve ser feito em panela de barro, 
cuja tampa é lacrada com uma goma à base de araruta, dentro de um buraco com brasas.

 É que no século 19 não havia panela de pressão em Morretes, Antonina e adjacências 
(cidades do litoral do Paraná, onde o prato nasceu). 

Qualquer fogão básico e aquela sua velha panela de cozinhar feijão dão conta do recado
 com muita honestidade.

Cozinhe na pressão entre 40 minutos e uma hora, em fogo baixo.
 Abra a panela, mexa a carne e reponha a água, se estiver faltando.
 
Repita este procedimento até que a carne fique totalmente desfiada.
 Em geral, isso acontece de três a cinco vezes, em um intervalo de uma hora para cada
 “abre” de tampa.

Após a primeira fervida na pressão coloque uma chapinha de amianto sob a panela.
 Se não tiver, use a forma de pizza, o efeito é o mesmo.
 
Use uma colher de pau pesada ou um soquete de feijão para acelerar o desmanche 
da carne, que aos poucos se mistura ao molho. 

Esta alquimia produz o barreado e justifica as horas gastas na frente do fogão.
Cheiro de matar a clientela

Nessas alturas do campeonato o cheiro do grude já estará matando a platéia presente ao convescote. 
Deixe o pessoal ainda mais esfomeado, sirva uma cachaça de boa qualidade. 
Comida de litoral sem a “marvada” não tem graça.

Enquanto a turma beberica, deixe o barreado cozinhar com a panela aberta por 
mais uma meia hora pra apurar o caldo. Acerte o sal e pronto!

Sirva com...
Banana da terra cozida com um pouco de açúcar. 
A tia orienta comprar as de casca bem preta, com cara de podre. 

Essas é que são boas. (Banana prata in natura também vai muito bem) 
Um arroz temperado com alho e cebola e uma boa farinha de mandioca branca
 completam a arquitetura do prato. Pimenta a gosto.

Diz um ditado “parnanguara” (ou seja, nascido em Paranaguá) que “quando 
o barreado fica bão, ocê morre de cumê, mas quando ele fica ruim, ocê morre
 de desgosto”. 

É isso aí. Se você teve a pachorra de chegar até aqui é porque tem talento 

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